O Caranguejo Encarnado que só andava para a frente!
 
Era uma vez um caranguejo encarnado e muito especial que só conseguia andar para a frente!
O caranguejo encarnado vivia numa praia de areia dourada e gostava muito do mar azul.
Contudo, o caranguejo não era feliz!
Todos os outros caranguejos andavam para os lados, menos ele!
Os amigos do caranguejo encarnado, gozavam com ele porque era diferente, e por isso, ele chorava dia e noite.
Uma noite, estava o caranguejo encarnado sozinho na praia olhando para a amiga Lua, até que uma alga verdinha e curiosa aproveitou a boleia do mar azul e quando chegou perto do caranguejo, perguntou-lhe:
- “ Caranguejo, porque estás tão sozinho aqui na praia? Queres companhia?
O caranguejo levantou os grandes olhos pretos surpreendido e explicou àquela alguinha verde e sorridente.
. - “Oh…sabes alga, eu estou sozinho porque todos os outros caranguejos andam de forma diferente da minha e por isso gozam comigo! Eu também gostaria de andar como eles, mas não consigo!” –  o caranguejo começou de novo a chorar.
A alga estava intrigada …um caranguejo que andava para a frente? Realmente era muito esquisito, mas ela ficou com tanta pena do caranguejo encarnado que decidiu ajudá-lo, só não sabia bem era como!
Nessa noite, a alga verdinha despediu-se do amigo caranguejo disposta a encontrar uma solução para o seu problema.
Quando voltava para junto das outras algas, a alga verdinha, reparou num grande peixe que passava por ela. Era um peixe magnífico, com umas pequenas patinhas que ajudavam as barbatanas e que faziam com que ele parecesse dançar maravilhosamente enquanto flutuava…e isso deu-lhe uma ideia!
No dia seguinte, a alga verdinha esperou ansiosamente que o caranguejo encarnado regressasse para perto do mar azul!
Quando o caranguejo finalmente chegou, cabisbaixo e triste como sempre, a alga chamou-o!
- “Caranguejo, encontrei a solução para o teu problema!” – gritava a alga verdinha, enquanto o mar azul a levava para junto do seu amigo que levantou a cabeça curioso.
-“ A partir de agora, vais dança meu amigo!” – disse a alga verdinha muito entusiasmada – “Vais andar para a frente e para trás ao som das ondas do mar azul! Vá experimenta!”
O caranguejo encarnado achou aquela ideia estapafúrdia, mas mesmo assim decidiu experimentar, respirou fundo e começou a ouvir o som que vinha das ondas…e aos poucos as suas patas e as suas tenazes começaram a mexer-se…para a frente e para trás!
O caranguejo entusiasmou-se e os seus movimentos tornaram-se cada vez mais coordenados. O caranguejo encarnado estava a dançar…e dançava majestosamente!
Os outros caranguejos, apercebendo-se do que se estava a passar na praia de areia dourada, foram-se aproximando, espantados com aqueles movimentos do caranguejo encarnado.
Quando as ondas do mar azul se calaram, uma grande salva de tenazes irrompeu no silêncio!
Eram os outros caranguejos que estavam maravilhados com a linda forma de dançar do caranguejo encarnado.
Nesse dia, o caranguejo encarnado sentiu-se muito feliz. Afinal de contas, ser diferente tornava-o único e especial!
                                        
                                                 A folha pequenina!
Era uma vez uma folhinha que queria saltar da árvore!
A folhinha era muito pequenina e por isso a mãe árvore não queria que ela se fosse embora.
Todos os dias, a folhinha pequenina olhava para as irmãs folhas que se transformavam, e pairando caíam para o chão à descoberta de um novo mundo!
Essas folhas, que já não eram verdes, estavam muito contentes porque finalmente podiam conhecer os animais que, do chão, tantas vezes olhavam para a árvore, que era muito alta, e conversavam com elas.
Aos poucos, as folhas que agora eram castanhas, desprendiam-se…davam um beijinho na mãe árvore e voando como uma pena …aproveitavam a boleia do Sr. Vento e desciam devagarinho até ao chão.
A folhinha pequenina olhava para as irmãs e ficava triste! Também ela queria pairar ao sabor do vento…também ela queria conhecer as amigas formigas que andavam sempre ocupadas a procurar comida!
A mãe arvore, apesar de ver a tristeza da folhinha, dizia-lhe:
-“ Minha querida, ainda és muito pequenina para te deixar ir embora, ainda tens que crescer!”
Os dias foram passando, e aos poucos, a folhinha ficava cada vez mais sozinha nos enormes ramos da mãe árvore...e cada vez mais triste!
Quando um dia o Sr. Vento soprava sobre a árvore, reparou que a folhinha pequenina estava diferente.
-“ Oh! Folhinha pequenina…estás maior! Estás…estás…” – dizia o Sr. Vento com grande sorriso.
A folhinha pequenina olhava espantada…mas o que se passava?
-“ Estás a ficar castanha!” – disse o Sr. Vento!
-“Verdade Sr. Vento? Estou a ficar castanha?”
A folhinha não conseguia parar de rir e de olhar para ela própria.
A mãe árvore sorriu, ao mesmo tempo que o seu coração ficou muito apertado.
Estava na hora!
- “Minha filha…” – disse a mãe árvore – “Está na hora de saíres dos meus braços. Está na hora de nos despedirmos!”
Nessa altura a folha pequenina, já não queria tanto assim ir-se embora…mas encheu-se de coragem, deu um grande e terno beijinho na mãe árvore e esperou que o Sr. Vento soprasse de novo.
A folha que agora já não era pequenina voltou para o pai Outono, e, ao sabor do sopro do vento, largou os braços da mãe árvore e pairou…balançando para a direita e para a esquerda como uma pena...
Há medida que caía para o chão, a folha, que agora era castanha, ia ficando cada vez mais cansada e cheia de sono!
Quando chegou ao chão, a folha, que já não era pequenina, tinha-se deixado dormir profundamente!
No mundo dos sonhos, a folhinha castanha soube que na Primavera estaria de novo nos braços da sua mãe árvore!